2014-01-09

Doença

De poucas coisas tinha certeza, mas uma delas era que ela era como uma doença para as pessoas.
Um vício maldito, uma droga viciante. Algo que mesmo sabendo fazer mal era impossível parar de consumir.
"Até aonde será que eu posso ir antes de me afogar?"

No começo tudo parecia normal. O fascínio pelo estranho prendia a atenção e aguçava a curiosidade.
E então começava uma admiração mórbida pelo bizarro, uma veneração ao falso deus repleta de sacrifícios.
"Até aonde será que eu posso ir antes de cair?"

Continuava com um crescente sentimento de culpa por ser incapaz de ajudar o que não tem esperança.
Uma necessidade de tentar consertar coisas que nem ao menos estão quebradas.
Criando a imagem da perfeição só para depois se decepcionar com a realidade patética.

E depois que terminava, estava livre de toda a podridão da alma que a cercava.
Podia respirar novamente o ar sem aquele cheiro podre da auto piedade.
Recomeçar de novo e finalmente encontrar algo bem próximo da felicidade.
Ou pelo menos alguém que não tem medo de trovões.

E era notável a diferença que a falta que a sua presença provocava nas pessoas.
O tempo se abria, um sorriso nascia e uma vida aflorava renovada.
Porque depois de vencer uma doença você podia sentir a alegria em viver de novo.
E rir do passado como se tivesse aprendido alguma lição valiosa.

O que não seria possível para ela, pois toda a energia que ela sugava das pessoas próximas voltava 3 vezes mais forte como se fosse o mundo cobrando a sua dívida.
E então se encontrava confinada em uma prisão sem grades, se mutilando com as lembranças de todos que passaram por sua vida, levaram um pedaço do seu coração e depois foram embora sem nunca se despedirem.

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