2011-12-13

O Fim de Tudo

Enquanto ela aguardava todo o sangue sair do corpo,
Aquelacoisa ficava se perguntando se precisava de mais quantas facadas pra acabar com aquela vida.
Com um pequeno sorriso no rosto, ela continuava enfincando aquele objeto prata dentro daquela pele macia e pálida.

O que ela poderia esperar no final daquele jantar chique no qual ela não foi convidada?
Aquelacoisa ficava se perguntando se precisava de mais quantos copos de veneno para acabar com aquelas vidas.
E com um pequeno sorriso no rosto, ela se deliciava ao ver todas aquelas pessoas que ela odiava, caírem no chão, se estrebuchando, como se fosse baratas prestes à morrer.

O que ela poderia esperar no seu momento final?
Enquanto era acusada de todos aqueles crimes,
crimes aos quais ela não se arrependia,
pois na verdade, ela só estava tirando o lixo para fora.

De todo ódio que tinha em seu coração, ainda tinha uma fração de todo aquele amor que ela já recebeu das pessoas.
E ela sempre lembrava de que quando a noite abafada chegasse, as suas lagrimas seriam confortadas num peito acolhedor.

Podia ser visto uma fina luz azul, ao longo de um jardim morto por seus medos.
Morto por suas culpas
Morto por suas fraquezas
Que apenas significava que mesmo uma alma cheia de podridão, poderia sonhar com a redenção.

Pois todos somos pecadores
E todos somos Deuses para nos absorver.
Menos Aquelacoisa, que ria enquanto via todos seus amigos terem convulsões, enquanto babavam um liquido azul

O mesmo Azul que era acolhido pelo Fim de Tudo

2011-08-28

Mel, borboletas e mortes com agulha

Tudo aquilo que Aquelacoisa conseguia ver com seus olhos avermelhados e embasados,
eram palavras distorcidas que ela ouvia de pessoas que constantemente desapontavam ela.
Mesmo sendo pessoas que não podia se esperar nada de bom,
cada traição que ela sofria era como se um cravo entrasse em seu coração.

Por que perder tempo e esperar alguma coisa boa das pessoas?
Pois quando nada se espera de alguém, esse alguém não pode te desapontar.
Por que perder tempo tentando encontrar o sentimento amargo chamado amor?
Pois quando só espera ódio das pessoas, você nunca vai se machucar.

Dentro de sua mente conturbada, cheia de ilusões sobre como seria um mundo ideal,
Aquelacoisa só conseguia encontrar descanso de verdade quando sua mente estava ocupada.
Ocupada com pensamentos envolvendo mel, borboletas e mortes dolorosas com agulhas.

Tudo aquilo que Aquelacoisa conseguia ouvir com seus ouvidos ensaguentados,
era o barulho que aqueles corpos faziam ao encontrar o chão.
E com suas mãos sujas, ela tentava injetar em si mesma aquilo que faria ela encontrar a paz,
paz essa que lhe seria entregue por lindas borboletas monarca.

Por que ela queria tanto que as pessoas parassem de ama-la?
Pois ela sabia que ela não podia esperar sentimentos verdadeiros de ninguém,
e na verdade nada fazia muito sentido para ela,
pois não da pra sentir saudade de algo que nunca teve.

2011-06-05

O Som das Crianças

Eu ainda não sei qual cheiro tinha aquela casa,
onde todos se reuniam para ficar apenas perdendo tempo.
Tempo esse que parece que nunca passava,
mas quando menos se esperava já tinha acabado o dia.

Eu ainda não sei qual era o som que as crianças faziam de tardezinha,
aonde todos ficavam brincando de pegar grãos de areia e colocar num frasco.
Frasco esse que prometia ser guardado para sempre,
mas que na verdade se perdiam dentro de mentes possuídas por pensamentos obscuros.

Eu ainda não sei qual era o gosto que tinha aquela torta de frango que minha avó fazia,
quando todos se reuniam em volta da mesa para contar como tinha sido o dia.
Dia esse que se parecia melhor que o anterior,
aonde até mesmos as coisas ruins se tornavam risadas.

Eu ainda não sei qual era a sensação que se sentia quando se tomava um banho de chuva,
aonde todos iam pra fora de suas casas, e deixava a água lavar tua alma.
Alma essa que parece que não tem mais espaço nesse mundo de hoje,
aonde tudo o que se vê, são pessoas consumidas pela raiva.

Eu só sei como é a cor que as lagrimas tem nos momentos em que o desespero toma conta,
aonde a única coisa que resta são pensamentos sombrios sobre frustrações.
Frustrações essas que nunca deixaram de existir,
apenas tomou forma maior:
Do tamanho daquela garrafa cheia de grãos de areia que ainda guardo dentro de mim.

2011-05-15

Simplesmente Por Respirar

Em uma rua aonde não tinha mais nenhum vestígios de vida
Ouvia um som que podia ser descrito como o pulsar de um coração falhando.
Jazia ali naquele chão gelado, o que já se foi alguém cuja esperança tinha sido esmagada por pessoas que nunca davam o melhor de si, que nunca faziam o que era o certo.

Enquanto a via sumia em seus olhos, o que AquelaCoisa se lembrava era de que
O que separa o Passado do Futuro era a possibilidade de cometer os mesmos erros.
Erros esses que sempre lembravam de como seria um Mundo Ideal
E o que as pessoas esperavam dela.

Engraçado que quando terminava um Fim de Semana Fracassado
Ela só ficava a espreita de que algo dentro de si poderia mudar.
Mas afinal de contas, o que tanto ela queria que mudasse?
Se nem ao menos ela sabia o que tinha de errado.

E o que estava certo, afinal?
Como ela poderia saber se tudo o que ela tinha das pessoas era uma falsa percepção.
O que ela podia fazer pra tentar mudar?
Se tudo o que ela conseguia das pessoas eram respostas para perguntas que ela não sabia a resposta.

E isso a deixava frustada.
E de sua frustração vinha a raiva.
Raiva essa que a consumia por dentro e ela só conseguia mostrar o desgosto pelas pessoas
Pessoas essas que só continuavam importunando ela, o que só aumentava a raiva.

O pior de tudo não era a falta de sentimentos.
Tão pouco a falta de afeto pelas pessoas.
O pior de tudo era só conhecer a ira
E só conseguir sentir ódio pelas pessoas.

Simplesmente por elas viverem.
Simplesmente por elas respirarem.
E simplesmente por ela serem irritantes.

Porque o que realmente importa para a maioria das pessoas
É ter alguém para poder jogar toda a culpa
Se tornando assim o seu próprio Deus
E Deus não sabe como amar as pessoas verdadeiramente.

Era isso que fazia AquelaCoisa conseguir dormir no fim do dia...

2011-02-07

Campos de Papel Machê

"O que esperar do dia de amanhã?"
Essa pergunta era feita no fim de cada fim de semana mal vivido
Em que aquelacoisa não se sentia no ânimo certo pra ter de conviver com as pessoas.

O que ela esperava a cada vez que acordava depois de uma noite mal dormida
Era que todas as pessoas deixassem de ser tão mesquinhas e começassem a pensar por si mesmas.
Porque tudo o que ela tinha que fazer era mimar as pessoas
Quando na verdade o que ela mais queria era ser mimada.

O que não dava pra encontrar em mais um pacote de bolacha comido pela metade
Era aquilo que se dava o luxo de perder todo fim de tarde.
Porque afinal de contas, o que mais valia dentro de si?
Um bom lugar pra relaxar, um lugar pra se conectar ou um lugar pra terminar?

"O que aconteceu com todo aqueles sonhos?"
Essa pergunta era feita no começo daquele projeto novo que ela sabia que não ia pra lugar algum
Em que aquelacoisa só se via repetindo os mesmos erros, quando na verdade, ela sabia que não tinha muito o que fazer pra evitá-los.

O que ela esperava cada vez que não conseguia dormir por causa do calor e dos pesadelos envolvendo insetos
Era que o fim não estivesse muito longe.
Ou ao menos a 4 quadras de distancia
Em alguma ponto razoavelmente alto.

"Por quê seria tão difícil expressar um sentimento?"
Essa pergunta ela se fazia a cada segundo que passava enquanto ficava encarando a parede
Enquanto ficava encarando algum objeto afiado
E enquanto esperava todos aqueles pesadelos com insetos se tornarem belos sonhos em campos de papel machê

O que não pode ser conquistado
Não pode ser desejado?
O que não pode ser destruído
Nunca devia ter sido construído?