2013-04-21

A regra


AquelaCoisa só tinha duas certezas naquele momento:
Tudo aquilo que aconteceu não passou de um distante sonho de primavera, nunca mais voltará.
E que ela estava ocupada demais pensando em sua insignificância pra poder aproveitar direito esse sonho.

Ela também tinha certeza que nunca em vida poderia alcançar o seu potencial verdadeiro
Pois estava ocupada demais pensando em como insignificante o seu potencial era.

De todas as perdas que ela teve, não conseguia pensar em qual era pior:
Se despedir de alguém. Desaparecer da vida de alguém.
Perder a importância para alguém. Se afastar de alguém.

Na verdade, o que AquelaCoisa não conseguia compreender era o quão raso é o sentimento que se pode nutrir por OutraCoisa
Tão raso que qualquer brisa poderia desfigura-lo.
Tão leve, tão frágil, tão puro e tão inocente.

Mas já não existia mais inocência aqui.
Um coração tão conturbado não conseguiria sentir algo tão puro.


E então, só lhe restava duas coisas:
A Solidão.
Pensamentos Sombrios.

Pensamentos sombrios que envolviam uma família feliz e completa.
Sendo despedaçada de dentro pra fora por aqueles que realmente se importavam.
Pois não existe pessoa insubstituível, essa era a regra.
Mas A Regra não era ser feliz, não importando os meios?

Se criava um dilema:
A sua própria felicidade ou a felicidade das outras?
Felicidade essa que só era concedida para aquelas pessoas que pisavam nas outras.
Pessoas essas que pareciam estar muito melhor sem ela por perto.

Sonhos que não podiam ser vividos, pesadelos que se tornavam a realidade.
Fragmentos de uma noite sem dormir, símbolos de que tudo aquilo iria melhorar.
Viagens programadas, ofertas rejeitadas.
O seu mundo ruindo diante dos seus olhos

Nunca existiu nada para ruir.

O que todas aquelas linhas sem ligação queriam dizer era que:
"Não se pode perder o que foi conquistado um dia.
Uma vez no calor acolhedor, nunca mais na noite gelada.
Sua alma não mais encontrará.
A paz eterna"

Essa era A Regra