2011-06-05

O Som das Crianças

Eu ainda não sei qual cheiro tinha aquela casa,
onde todos se reuniam para ficar apenas perdendo tempo.
Tempo esse que parece que nunca passava,
mas quando menos se esperava já tinha acabado o dia.

Eu ainda não sei qual era o som que as crianças faziam de tardezinha,
aonde todos ficavam brincando de pegar grãos de areia e colocar num frasco.
Frasco esse que prometia ser guardado para sempre,
mas que na verdade se perdiam dentro de mentes possuídas por pensamentos obscuros.

Eu ainda não sei qual era o gosto que tinha aquela torta de frango que minha avó fazia,
quando todos se reuniam em volta da mesa para contar como tinha sido o dia.
Dia esse que se parecia melhor que o anterior,
aonde até mesmos as coisas ruins se tornavam risadas.

Eu ainda não sei qual era a sensação que se sentia quando se tomava um banho de chuva,
aonde todos iam pra fora de suas casas, e deixava a água lavar tua alma.
Alma essa que parece que não tem mais espaço nesse mundo de hoje,
aonde tudo o que se vê, são pessoas consumidas pela raiva.

Eu só sei como é a cor que as lagrimas tem nos momentos em que o desespero toma conta,
aonde a única coisa que resta são pensamentos sombrios sobre frustrações.
Frustrações essas que nunca deixaram de existir,
apenas tomou forma maior:
Do tamanho daquela garrafa cheia de grãos de areia que ainda guardo dentro de mim.