2013-11-30

Estrelas de Papel

Nos primeiros meses tudo parecia uma maravilha.
A felicidade era algo sempre à disposição a menos de 2 metros de distancia,
e mesmo que aquilo parecia sólido e real, no fundo aparentava frágil e insípido.

Madrugadas passadas no telefone, conversas intermináveis sobre assuntos irrelevantes,
a certeza que sempre teria algo pra fazer, mesmo que não fizesse nada.

E então 6 meses se passaram e tudo parecia o paraíso.
O êxtase era notório em todo o corpo, a chama era forte e ardente,
mas mesmo o fogo pode ser facilmente apagado.

Tardes passadas apenas observando o canto dos pássaros, olhando as formas das nuvens,
a certeza que sempre estaria à prontidão quando se esperasse.

E então 3 anos se passaram e o inferno parecia um lugar melhor pra viver.
Todos em sua volta estavam se definhando aos poucos, se afogando em suas culpas,
bêbados em suas mágoas e destruídos por sua impotência.

Noites passadas em claro, insuportáveis por causa do calor abafado,
o ventilador que só soprava gás tóxico destruía o seu pulmão.

E então uma vida inteira chegava a seu fim, e o arrependimento era a sua cruz.
Enquanto o mundo se ruía em caos, fogo e sangue,
sobrava apenas estrelas feita de papel.

Porque no final de tudo é isso que somos feitos.
Apenas estrelas de papel feitas para brilhar uma única vez,
para depois arder em chamas.

No dia da sua própria morte, ele sussurrou em seu ouvido:
"Eu ainda odeio você."
E com um olhar apático, obteve a resposta:
"Eu ainda amo você."