2014-01-05

Voar

Encolhida num canto com um olhar morto fitando o vazio, esperava a chuva parar.
Como se algum milagre fosse acontecer quando as águas cessarem.
Como se fosse possível reverter a escolha que teve naquele distante dia.

E então o hipnotizante som da chuva tornava a sua melodia enquanto escondia o som do seu próprio choro.
Uma dança misteriosa que envolvia sentimentos conflitantes.
O excesso de amor próprio, o excesso de amor ao próximo.
O ciúmes por saber que não possuía ninguém.

Deitada em sua cama com os pensamentos perdidos em vidas passada, esperava a neve parar.
Como se o frio instantaneamente desaparece-se e o verão voltasse com todo o calor.
Como se fosse possível construir tudo o que foi destruído naquele distante dia.

E então tudo ficava em tons de vermelho enquanto uma lâmina prateada brincava na pele de seu braço.
Uma dança misteriosa que envolvia sentimentos conflitantes.
A falta de amor próprio, a falta de amor ao próximo.
O ciúmes por saber que não possuía ninguém.

Ninguém conseguia se manter tempo bastante para entrar em sua cabeça.
Ninguém conseguia se manter interessado bastante para entender a sua mente.
Ninguém queria saber de nada além de si mesmo, e de poder chorar a tuas próprias lamúrias.
Ninguém queria saber de nada além de si mesmo, e de poder descartar as pessoas.

Sentada em seu carro lembrando do que tinha acabado de fazer, esperava a pista acabar.
Todas as pessoas que já amou algum dia, estavam morrendo por suas próprias mãos.
E enquanto cortava os seus corpos, entrava em um estado de plena felicidade.

"agora que eu cortei as tuas asas,
não tem mais para aonde voar.
agora que eu terminei as nossas vidas,
teremos todos o mesmo lugar para voar."


Nenhum comentário: